4 de junho de 2016

Negrinho do pastoreio

A tarde era uma das mais frias daquele mês de agosto naquela região do Rio Grande do Sul. A tropa, apesar de acostumada a longas caminhadas e ao rigor do tempo, demonstravam já sinais claros de cansaço. Mesmo assim, os animais seguiam valentes em direção norte. Lá adiante, no horizonte aonde o céu vem se encontrar com a terra, o sol caminhava lento em direção ao outro lado do mundo. O entardecer era um dos momentos mais frios do dia. Mesmo estropiadas pelas semanas de viagem, a passos lentos, como se arrastassem estrada afora, as dezenas de mulas mostravam-se resignadas. Era preciso chegar. Mas qual seriam o seu destino, e o destino daquelas mercadorias que levavam em seus lombos?
4 de junho de 2016

Mula sem cabeça

Para falar a verdade, jamais havia ido a uma fazenda. O que conhecia, deste mundo, tinha visto pela televisão, através de algumas novelas ou de filme americanos. Para mim, aquilo era um universo de fantasia, definitivamente, não existia de verdade. Nunca imaginei um mundo sem energia elétrica, sem computadores, sem televisão.
Meu avô, que sempre vinha à cidade nos visitar, passava horas contando histórias de sua época de menino, de suas aventuras em companhia dos irmãos e primos. Curiosamente, como bom narrador que era, sempre prendia a minha atenção e de alguns amigos que, com freqüência, estavam lá
4 de junho de 2016

Curupira

Nossa história começa em um dia de muita chuva.
Nós, que vivemos em cidades, muitas vezes nos aborrecemos com a chuva, pois ela nos impede de fazer um monte de coisas. Ela provoca engarrafamentos, alaga as ruas, inunda, infelizmente, as casas de muita gente, nos impede de ir a certos lugares. Mas, para quem vive nas regiões distantes no interior do Brasil, nas zonas rurais, ela tem uma função importantíssima: ela é responsável pela vida de muita gente. Sem ela não há colheita, sem colheita, não há alimentos e assim por diante.
4 de junho de 2016

Boto cor de rosa

Deixe-me ver — pediu o fotógrafo, saindo do banheiro ainda enxugando a cabeça depois de quase meia hora de banho. — Desculpe a modéstia, mas seu amigo aqui sabe muito como tirar fotos, não sabe?

— Não deveria ter dito nada. É só um elogiozinho e você já fica todo cheio de si.

— Não é preciso nada disto. Sei do meu talento com esta coisa! — exclamou Marcos com a máquina fotográfica na mão e exibindo um sorriso que lhe era característico.

— Devo me render. Estas realmente ficaram, diríamos assim, acima da média.
4 de junho de 2016

Saci pererê

Desculpem meus caros alunos, mas me atrasei alguns minutos, porque precisei passar na diretoria. A diretora mandou-me chamar para conversar — disse professora Vera, entrando apressadamente na sala de aula e colocando sobre a mesa algumas cadernetas de chamada, uma caixa de giz e o apagador.
— E o que ela queria, professora? A senhora não vai ser mandada embora da escola não, vai? — indagou Maria, uma meninazinha miúda, sentada na primeira carteira junto à mesa. — Eu gosto muito da senhora.
4 de junho de 2016

Que pais é este

Li certa vez um texto supostamente escrito por uma turista holandesa, no qual ela fazia uma verdadeira apologia ao Brasil. Por que motivo alguém vindo de tão distante se preocuparia com algo desta natureza? Talvez pelo simples fato de termos por aqui algumas coisas que só não nos chamam a atenção porque estamos acostumados a elas.
4 de junho de 2016

O mundo esta diminuindo

O homem, ao longo de sua história, abriu caminho, literalmente, a machado e serra elétrica, em busca de seu progresso. A princípio os fins justificam os meios. Justificavam. Hoje, diante da situação de miséria que se descortina diante de nós, chegamos à conclusão de que algo emergencial precisa ser feito. Mas a quem caberia tal responsabilidade? Devamos aguardar que de reuniões como a Rio + 10 surjam soluções concretas e eficazes, ou cada um de nós, a nosso modo, deve agir?
4 de junho de 2016

Nova era novo homem

Vivemos em uma época de mudanças profundas. É a sociedade quebrando tabus, a ciência quebrando barreiras, até então inimagináveis. Enquanto isso, buscamos ganhar espaço, avançando em todas as direções, estendendo nossos braços com o intuito de enlaçar o que se encontra à nossa volta. O que se espera em um momento como este é que se erga a cabeça e que se dê passos largos e firmes. Quem quer ir adiante, não olha para o chão, mira o horizonte.
4 de junho de 2016

Manifesto

A língua portuguesa, sem dúvida alguma, é uma das mais ricas do mundo. Mais rica e mais complacente, pois aceita com uma generosidade quase materna os novos falares, os estrangeirismos, as invencionices e achaques populares. No entanto, nenhuma estrutura “forçou tanto a barra” nos últimos tempos para se instalar no seio de nosso mais importante tesouro quanto a expressão estar ando, endo, indo e ondo. Ela por si só já é uma agressividade aos ouvidos de quem tem um mínimo conhecimento da língua portuguesa, contudo o que mais nos tem assustado é quanto a quem a apregoa aos quatro ventos. Normalmente são pessoas com um certo padrão de escolaridade e envolvidos principalmente com a educação. Esta gente que deveria estar ajudando a levar aos jovens estudantes o que é certo em se tratando de expressão oral, pode estar causando um dano irreparável aos nossos jovens alunos.
4 de junho de 2016

Somos essencialmente o que escrevemos

Escrever, antes de ser uma arte ou o resultado de uma vocação, é uma necessidade do ser humano. Independente de talentos pessoais, todos somos capazes de expressar nossas idéias através da escrita. Ela é, portanto, a extensão de nosso pensamento.
De toda a história da humanidade, uma ínfima parte foi registrada através de imagens e de sons. O homem desde as mais remotas eras teve uma preocupação de deixar para as gerações futuras o registro de sua evolução no campo das artes, da tecnologia, das ciências. E sempre o fez por meio deste meio único de transmissão de conhecimento.
4 de junho de 2016

Diferença entre ensinar e educar

Marcas de batom no banheiro...

Numa escola pública estava ocorrendo uma situação inusitada: uma turma de meninas de 12 anos que usava batom todos os dias removia o excesso beijando o espelho do banheiro.
O diretor andava bastante aborrecido, porque o zelador tinha um trabalho enorme para limpar o espelho ao final do dia. Mas, como sempre, na tarde seguinte, lá estavam as mesmas marcas de batom.
Chegou a chamar a atenção delas por quase 2 meses, e nada mudou, todos os dias acontecia a mesma coisa....
4 de junho de 2016

Brasileiros não sabem ler direito

A terceira pesquisa realizada no País sobre analfa¬betismo funcional mostra que 75% da população não consegue ler e escrever plenamente. O número inclui os analfabetos absolutos - sem nenhuma habilidade de leitura e escrita - e aqueles considerados analfabetos funcionais, que têm dificuldades para compreender e interpretar textos. Os dados foram divulgados pelo Instituto Paulo Montenegro - o braço social do Ibope, que desde 2001 faz essa avaliação bienalmente.